Terceiro membro do ministério do Líbano renuncia após explosão em Beirute
A ministra libanesa da Justiça, Marie-Claude Najm, apresentou o pedido de demissão nesta segunda-feira e se tornou o terceiro membro do gabinete a tomar esta decisão após a explosão no porto de Beirute. "A ministra apresentou sua renúncia", afirmou uma fonte do ministério da Justiça. No domingo, os ministros da Informação e do Meio Ambiente abandonaram o governo do primeiro-ministro Hassan Diab.
Najm foi criticada na última quinta-feira ao visitar o devastado distrito de Gemmayzé, nas proximidades do porto, poucas horas depois de um deslocamento ao mesmo setor do presidente francês Emmanuel Macron, recebido como um "herói".
Quase uma semana depois da tragédia que deixou pelo menos 158 mortos, 6 mil feridos e destruiu parte da capital, as autoridades, acusadas de corrupção, negligência e incompetência, ainda não responderam à principal pergunta: por que uma grande quantidade de nitrato de amônio estava armazenada no porto, no coração da cidade?
As explosões foram provocadas por um incêndio no armazém onde 2.750 toneladas de nitrato de amônio estavam armazenadas há seis anos sem "medidas de prevenção", segundo admitiu o próprio primeiro-ministro, Hassan Diab.
O presidente Michel Aoun, cada vez mais contestado, rejeitou uma investigação internacional. E as autoridades não informaram sobre o andamento da investigação local.
Renúncias insuficientes
"A renúncia de ministros não é suficiente. Eles devem ser responsabilizados", disse Michelle, uma jovem manifestante que perdeu uma amiga na explosão. "Queremos um tribunal internacional que nos diga quem os matou, porque eles (os líderes políticos) vão encobrir o caso", considerou.
De acordo com a Constituição, o governo cai se mais de um terço de seus membros renunciar. A imprensa local diz que outros ministros do governo de 20 membros, que devem se reunir à tarde, podem abandonar o barco.
Hassan Diab havia indicado que estava pronto para permanecer no cargo por dois meses, até a organização de eleições antecipadas em um país dominado pelo movimento armado do Hezbollah, um aliado do Irã e do regime sírio de Bashar al-Assad.
Durante as manifestações de sábado e domingo, reprimidas pelas forças de segurança, os manifestantes pediram "vingança" contra a classe política totalmente desacreditada após a tragédia em um país já atingido por uma crise econômica sem precedentes agravada pela epidemia de Covid-19.
Eleições antecipadas não são uma das principais reivindicações das ruas, já que o Parlamento é controlado por forças tradicionais que elaboraram uma lei eleitoral cuidadosamente calibrada para servir aos seus interesses.
Autor: Comunitária 87.9 FM
Data da Postagem: 10/08/2020 09:00:00
Fonte: Correio do Povo
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